I Coríntios 2.9:
“Todavia, como está escrito: nem olhos
viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou no coração do homem, as coisas
que Deus tem preparado para aqueles que o amam.”
Este versículo nos remete a algo
extraordinariamente bom. Algo que nós nunca imaginamos ou pensamos que poderia
acontecer ou até mesmo existir. As melhores coisas que um homem já experimentou
ou viveu.
Algumas vezes vemos esse versículo sendo
aplicado de forma prática em mensagens que pregam a prosperidade nesta vida
através de bens materiais que o Cristão sequer imaginou que iria receber de
Deus. Uma BMW do ano, uma casa luxuosa no condomínio de luxo mais caro da
cidade, uma ilha particular com um jatinho particular para passar os finais de
semana, são uma das coisas que atiçam o coração consumista do homem e que são
usados como exemplo de fé para o crente.
Outras vezes vemos esse versículo
sendo pregado como aquilo que, aqueles que se arrependeram nesta vida e
entregaram as suas vidas ao Senhor Jesus, vão presenciar quando estiverem com
Ele nos céus. É fato que a nossa vida no paraíso será infinitamente melhor do
que a vida que vivemos hoje neste mundo corrompido pelo pecado. Mansões
celestiais, ruas de ouro, grandes muros de pedras preciosas, são coisas que
aqueles que viveram com Deus vão experimentar quando estiverem na glória.
Uma vida próspera materialmente
nesta vida ou a esperança de uma vida melhor na eternidade são motivos mais que
razoáveis para se aplicar o versículo 9 de I Coríntio cap. 2. Entretanto, nós
devemos antes de tudo, aplicar este versículo naquilo que ele realmente quis
contextualizar. Se lermos o versículo 10 – “mas Deus as revelou a nós por meio do Espírito”
– iremos entender que aquilo que nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem
jamais penetrou no coração do homem já foi revelado através do Espírito de Deus
para aqueles que o amam: a revelação de Cristo através do Evangelho. E se Deus
já revelou é por que é pra ser vivido agora!
O que Deus preparou?
No início deste capítulo, Paulo
lembrou aos cristãos de Corinto que na sua primeira visita a Corinto, ele não
tentou convencê-los da verdade do Evangelho usando a sabedoria humana, ou
"eloquência sábia e convincente". Em vez disso, ele disse:
"Pois decidi nada saber entre vocês, a
não ser Jesus Cristo, e este, crucificado." (I Coríntios
2.2)
Aquilo que o apóstolo Paulo se
refere em particular e que foi revelado pelo Espírito de Deus é a sabedoria do Evangelho através da cruz de
Cristo.
Notamos que, quando Paulo disse:
"como está escrito", foi provavelmente citando Isaías 64.4 quando o
povo de Israel se encontrava em meio à escravidão babilônica:
“Desde os tempos antigos ninguém ouviu,
nenhum ouvido percebeu, e olho nenhum viu outro Deus, além de ti, que trabalha
para aqueles que nele esperam.”
O texto de Isaías 64 está inserido
numa visão profética acerca da escravidão do povo de Israel frente ao exílio
Babilônico. Deus então promete salvar seu povo do jugo da escravidão e cumpre
isso em sua totalidade quando revela a Cristo como salvador da humanidade da
escravidão do pecado. Hoje temos essa revelação e é preciso que o homem aceite
o sacrifício expiatório de Cristo para tomar posse de todas as coisas
maravilhosas que a morte e ressurreição de Cristo trouxeram ao homem.
Uma vida plena com Deus é tudo que
foi conquistado na cruz do Calvário:
1. Ele nos trouxe a salvação. Jesus nos
trouxe a possibilidade de passar a vida eterna em comunhão com Deus, algo que
foi perdido por causa do pecado no Jardim do Éden. Entretanto a salvação não é
apenas um estado pós-morte, mas é algo para ser vivido em vida, nesta vida.
2. Misericórdia e Graça de Deus.
Misericórdia: poupar daquilo que merecemos receber. Por exemplo, quando uma
pessoa que confessa seus crimes hediondos e tem a sua sentença declarada pelo
júri como pena de morte. Mas ao invés de acatar a sentença do júri, o Juiz
decide poupar aquele réu da morte declarando inocente, mesmo ele merecidamente.
Graça: é dar aquilo que não merecemos receber. Efésios 2.8-9: “Porque pela graça
sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vocês é dom de Deus.”.
O homem não merecia receber de Deus novamente a oportunidade de viver em
comunhão com o Criador. Mas foi o próprio Deus que, em Sua graça, tomou a
iniciativa de providenciar a salvação para o homem após a queda de Adão no
pecado.
3. Ele levou sobre si as nossas dores e enfermidades (Isaías
53.4). Apesar do capítulo 53 de Isaías ter muita mais uma aplicação espiritual,
ele também pode ser aplicado dentro de um contexto físico. Obviamente que o
sentido aqui não é que, depois de salvos não iremos mais adoecer, ou se estamos
doentes é por que estamos em pecado ou estamos com uma “pequena fé” para ser
curado, como alguns pregam por aí. Mas de que o sacrifício de Jesus na cruz nos traz a plenitude da nossa vida física,
livre de doenças e enfermidades, e que temos em Cristo, a restauração da
nossa saúde. Se o sofrimento entrou no mundo por causa do pecado (Gênesis
3.17-19), e até a morte física se tornou uma consequência da transgressão do
homem (I Coríntios 15.21-22), nós temos que crer também Jesus dará uma vitória
total sobre a dor desta vida. Mateus 8.16,17 usa as curas físicas realizadas
por Jesus como evidências do seu papel como o verdadeiro Messias e Salvador. Jesus também nos trouxe a cura interior, uma vez que pela obra da
cruz Ele sofreu o castigo que nos traz a paz e sarou, assim, nossas feridas de
alma – o profeta Isaías diz: “O castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas
pisaduras fomos sarados” (Isaías 53.5).
4. Ele também levou sobre si as maldições da lei. A Bíblia
diz que “Cristo
nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso
lugar” (Gálatas 3.13). A lei de Deus é perfeita; ela reflete o Santo
caráter de Deus; não há problema nenhum com a lei de Deus. O problema está conosco,
pecadores, que não conseguimos cumprir a lei de Deus. Que infringimos a lei e, por
causa disso, ela revela o nosso crime, a nossa sua transgressão. A lei condena
à morte o infrator, essa é a maldição da lei. Entretanto, por causa daquilo que
Deus já preparou através do sacrifício de Cristo, hoje estamos livres das
maldiçoes da lei. Por que só Jesus pode nos resgatar da maldição da lei?
o Jesus se
tornou infrator sem infringir nenhuma lei. “Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado,
para que nele nos tornássemos justiça de Deus.” (2 Coríntios 5.21)
o Jesus se
tornou criminoso sem ter cometido nenhum crime.
o Jesus se
tornou condenado à morte sem ter nenhum motivo para morrer.
5. Uma
completa justificação, regeneração, redenção e santificação da vida do homem.
6. Paz, a
alegria e a justiça no Espírito Santo: “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas
justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.” (Rm 14.17).
Deus quer dar ao seu povo, aqueles
que nele esperam, aqueles que o amam, as bênçãos que não podem ser totalmente percebidas
pelos sentidos humanos, nem mesmo pela imaginação humana: uma vida plena em Cristo Jesus.
E só vamos conseguir viver isso em nossas vidas se entregarmos nossas vidas
completamente a Ele. Desde o tempo em que nos arrependemos e confessamos a
Jesus como Senhor e Salvador, Jesus não
passou a ser tudo que precisamos, mas tudo que temos.
Para quem Deus tem preparado?
No entanto, precisamos lembrar que
a promessa por essas bênçãos, que se inserem
fora dos sentidos e da imaginação humana, é reservada para um povo em particular: aqueles que o amam.
fora dos sentidos e da imaginação humana, é reservada para um povo em particular: aqueles que o amam.
Os maiores homens da Bíblia entenderam
o que Moisés disse: "Saberás, pois, que o SENHOR teu Deus, ele é Deus, o
Deus fiel, que guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações aos que o
amam e guardam os seus mandamentos”. (Deuteronômio 7.9)
Uma das grandes mulheres da Bíblia,
Débora, incluiu estas palavras em seu canto de
louvar: "Que os que te amam sejam como o sol quando se levanta na sua força." (Juízes 5.31)
louvar: "Que os que te amam sejam como o sol quando se levanta na sua força." (Juízes 5.31)
O salmista declarou: "O Senhor
cuida de todos os que o amam." (Salmos 145.20)
"E sabemos que todas as coisas cooperam para o bem
daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu
propósito" (Romanos 8.28)
Tiago nos deixou com duas
promessas: "Bem
aventurado o homem que resiste a tentação; para quando for provado receberá a
coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que o amam." (Tiago 1.12)
"Ouvi, meus amados irmãos: Porventura não escolheu Deus
aos pobres deste mundo para serem ricos na fé, e herdeiros do reino que
prometeu aos que o amam?" (Tiago 2:5)
Em toda a Bíblia ouvimos a mesma
mensagem: uma promessa de bênçãos especiais para serem recebidas nesta vida, e
em seguida, na próxima, todas com a mesma condição simples: essas bênçãos estão disponíveis para
"aqueles que o amam".
Os que o amam são aqueles que permanecem em Cristo
Se o versículo 9 de I Coríntios 2,
escrito por Paulo, era pelo menos uma paráfrase de Isaías 64.4, então podemos
encontrar lá uma melhor compreensão do que significa "amam". Em
Isaías, a palavra é "esperar", que propriamente significa "permanecer".
Isto nos lembra o que Jesus ensinou em João 15.4,5:
“Permaneçam em mim, e eu permanecerei em
vocês. Nenhum ramo pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira.
Vocês também não podem dar fruto, se não permanecerem em mim. Eu sou a videira;
vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dará muito
fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma.”
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