terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Eu sou carta de Deus


Neste mundo em que os avanços tecnológicos acontecem a cada “nano” segundo, algumas coisas que antes faziam parte da nossa vida começam a perder espaço e você já não as usa mais com tanta frequência até ao ponto daquilo deixar de fazer parte do seu dia a dia. Quem no passado não assistia a filmes em aparelhos de vídeo cassete? Lembro até que tínhamos que rebobinar a fita para entregar à locadora. Hoje usamos o DVD, Blue Ray. Quem nunca comprou cartelas de passe escolar para ônibus e andava com aqueles papeizinhos na carteira para entregar ao cobrador? Lembro que minha mãe me dava os passes contados para a semana. Se eu perdesse um era a maior confusão lá em casa. Hoje usamos cartões de passagem recarregáveis. Quem nunca usou uma máquina de datilografia e um corretor ortográfico branco para usar caso algum erro de digitação acontecesse? Hoje temos os computadores, notebook, laptops, tablets, etc. e se algum erro ocorrer apenas tecle “Ctrl + Z”. Quem nunca pegou uma folha de papel em branco, uma caneta ou lápis e começou a escrever uma carta? Hoje temos o e-mail, Whats App, Facebook, etc. que usamos para nos comunicar com as pessoas.

Mas há quanto tempo você não escreve uma carta? Não digo cartas formais para empresas ou pessoas que exercem cargos de grande importância em órgãos estaduais, federais ou privados. Digo cartas para parentes, amigos, pessoas de perto ou de longe. Em meu guarda-roupa eu tenho guardadas todas as cartas que recebi da minha esposa. Ao ler cada uma consigo sentir novamente o amor, o carinho e atenção dedicados a mim. Quando ela escreveu, ela parou, assentou-se, separou um tempo, pegou o melhor papel (mulheres escolhem sempre com impressões decorativas), caneta, pensou quais palavras usar e começou a escrevê-las pensando em mim.

E como seria se voltássemos a escrever cartas para as pessoas, não só as que amamos, mas principalmente para aquelas que nunca nos viram e que não conhecem o amor de Cristo? E se além das palavras de bênção e versículos, nós vivêssemos o que escrevemos? Ou melhor: e se fôssemos cartas vivas? Paulo em sua carta aos Coríntios afirma:

“Vocês mesmos são a nossa carta, escrita em nosso coração, conhecida e lida por todos. Vocês demonstram que são uma carta de Cristo, resultado do nosso ministério, escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de corações humanos." (II Coríntios 3.3).

Nós temos a vida de Jesus, nós somos templo do Santo Espírito e temos a Palavra da verdade cravada em nosso coração. Segundo a própria Bíblia, nós somos verdadeiras cartas de Deus. Mas é preciso que nós desempenhemos o mesmo papel de carta comum. Uma carta comum tem no mínimo três partes:
  • A pessoa que escreveu
  • A mensagem contida na carta
  • O resultado da carta na pessoa que a recebe

Quem escreveu a nossa carta?

O apóstolo Paulo mostra que os Coríntios representaram o que ele ensinou e o que ele exemplificou. Mas não só ele. Como o próprio apóstolo diz: "vós sois a carta de Cristo". Somos as cartas escritas pelo próprio Deus, enviadas para o mundo inteiro para sermos lidas e conhecidas. O Espírito de Deus é quem escreveu em nossos corações. E nós, como cartas vivas, comunicamos o que foi colocado em nós por Ele.

Paulo para um momento para comentar que os discípulos representam a qualidade do ensino que ele ministrou também, mas mesmo nisto, Paulo dependia totalmente de Deus para uma capacitação divina. Ele nunca quis passar algo que ele mesmo tivesse inventado (pelos seus próprios pensamentos humanos ou raciocínio sofisticado). Acima de tudo, ele obedeceu ao Espírito de Deus para ministrar um novo testamento, a nova aliança do Espírito e não da letra. (v. 6).

Qual a mensagem de nossa carta?

A nossa carta é uma carta muito especial. Ela é a única carta no mundo que possui dois endereços (e ela chega corretamente nestes dois endereços): (1) nós mesmos, (2) as outras pessoas.
Quando endereçada a nós mesmos, o apóstolo fez uma reflexão sobre a mensagem:
  1. Não é da lei, não é o ministério da condenação, mas da justificação (v.9).
  2. Quando o véu da incredulidade é tirado, se percebe a verdade no Espírito – que a fé no Senhor traz libertação do pecado e liberdade para a vida (v.16).
  3. Que podemos andar na luz sem medo (v.17).
  4. Que seremos transformados de glória em glória na mesma imagem, como um espelho do Senhor (v. 18).
  5. Quando temos fé em Cristo, somos salvos e nos tornamos novas criaturas, com uma nova natureza que quer agradar a Deus (II Coríntios 5.17).

Quando endereçada a outras pessoas, a mensagem que levamos como carta viva é a mesma mensagem que vem sendo pregada há dois mil anos, através de Jesus, dos apóstolos, dos mártires, de homens e mulheres de Deus, através de suas vidas ou até mesmo na perda destas, quando muito sangue foi – e continua sendo – derramado por esta mensagem: a salvação do homem através da cruz de Cristo.

As pessoas têm que olhar para nós e associar as palavras que dissermos e escrevermos com o nosso viver. Jesus tem que ser conhecido pelas pessoas por meio das nossas atitudes, do nosso exemplo. Todos devem olhar para nós e ver novas criaturas transformadas pelo poder de Deus. “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” (2 Co 5.17).

O apóstolo Paulo também disse aos membros da igreja de Corinto que além de serem cartas eles deveriam ser textos possíveis de serem lidos. “Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens.” (v. 2). O mundo precisa conhecer a mensagem de Deus, tanto a que mudou a nossa vida, quanto a que pode mudar as vidas das pessoas. O mundo deve conseguir ler o evangelho que nós carregamos e ver em cada passo, expressão e palavra que sai de nossos lábios o Senhor Jesus.

Qual o resultado de nossa carta na pessoa que recebe esta carta?

Lembro-me do filme “Cartas para Deus”. A história narra a trajetória de um garoto de oito anos, que mesmo diagnosticado com um câncer raro no cérebro não desiste da vida e com uma esperança contagiante decide escrever diariamente cartas para Deus. Essas cartas vão parar nas mãos de um carteiro, que está em meio a um grande drama familiar. O carteiro resiste no início, mas acaba se rendendo as cartas e fica impactado ao perceber que o menino em momento algum pede por sua cura, mas intercede ao Senhor pela vida de todos que estão ao seu redor.

Diante daquele cenário inesperado de fé e coragem, o carteiro se aproxima do garoto e experimenta uma transformação de vida pela fé, não sabendo que as cartas não mudariam apenas a sua história, mas sim a de todos aqueles que estavam ao redor do pequeno garoto. A trama nos mostra que mesmo nas mais difíceis adversidades da vida podemos ser instrumentos de Deus irradiando esperança e fé àqueles que estão ao nosso redor.

A grande lição de Cartas para Deus é que devemos confiar na soberania divina, mesmo quando as circunstâncias nos levam ao desespero. Não podemos desistir de viver simplesmente porque erramos o caminho ou porque não sabemos o que fazer diante das tempestades da vida. Devemos assim como o pequeno garoto, olhar para Deus e fazermos de nossa vida a mais bela carta. Dessa forma todos que nos conhecem reconhecerão ao Senhor através de nossa existência. Não perca mais tempo, faça a sua vida valer a pena.

Que tipo de carta temos sido?

Que tipo de carta temos sido? Qual o nosso conteúdo? Quem está nos conhecendo e nos lendo? Estamos transmitindo a mensagem escrita por Deus? Estamos espelhando a imagem de Cristo cada dia mais?

Somos cartas cheias da vida de Jesus ou cartas sem vida, apagadas? “Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida”. (I João 5.12). Se você tem Cristo e já é selado pelo Espírito Santo você tem vida, você pode ser lido. Mas, se você percebe que mesmo tendo o Deus pai, o Deus filho e o Deus Espírito Santo, ainda assim não está permitindo que as pessoas leiam sobre Jesus, é tempo de fazer conserto com o Senhor, arrepender-se e permitir que o Espírito volte a escrever a sua história para que o nome de Deus seja glorificado. Abra seu coração, confesse os pecados, arrependa-se e deixe o Senhor dominar a sua vida, pois Ele é um pai justo, amoroso e perdoador. “Porque tu, Senhor, és bom, e pronto a perdoar, e abundante em benignidade para com todos os que te invocam.” (Salmos 86.5). Ele pode transformar você, novamente, em uma carta legível e possível de ser lida e enviada com o selo do Espírito a todos os povos e lugares desta terra.

Adaptado por Guilherme Soares

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